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Mostrando postagens de 2008

Roda da vida

Gira a roda da vida... o tempo é nosso consolo e nosso destempero tudo se refaz e desfaz na esperança ou no desespero.

Salve, Via Sat

O show de Via Sat é mais que uma apresentação. É uma cerimônia! Pácua não canta sozinho. Ele traz consigo todas as vozes de Peixinhos. Ele reverbera o canto de uma gente que faz da cultura sua arma. Que ocupou com a arte um velho matadouro, e lá assentou sua música, sua dança, sua biblioteca...

Conto de Natal

Era uma vez um menino chamado Paulo. Paulo tinha 14 anos e odiava o Natal. Odiava as luzinhas, o Papai Noel, os enfeites, e tudo o que tivesse a cara do Natal. Paulo não ganhava abraços em dias de festa. Não tinha mãe, nem pai, nem avós. Apenas uma tia que lhe cuidava, mas não abraçava, nem sorria.

Solidariedade

A chuva arriou inteira do céu. A terra desceu dos morros, encheu o mundo, cobriu as telhas. Os homens se fizeram caranguejos em seus lares de lama. Verteram pás, tentaram o desenterro. As casas desceram na corredeira dos rios, as roupas, os móveis, memórias e sonhos... foi-se tudo, numa lavagem imensa, como se o céu cobrasse um recomeço.

O atropelo das palavras

O silêncio é sábio. Quem cala, ouve o mundo. Ouve a vida. Os sonhos. A natureza. Ouve até o silêncio. Quem cala, tudo vê. Vê, inclusive, as palavras rolarem rio abaixo, para restar apenas na memória de quem soube olhar e ouvir.

Os três porquinhos

Era uma vez três porquinhos, um pobre, um rico e um remediado. O porquinho pobre construiu sua casa de madeira. Não tinha dinheiro para comprar tijolos. Era só um velho colchão, um fogareiro, uma televisão velha, os trapos, o chão cru. Quase nada.

Silêncio é música ou grito?

Silêncio. Quero ouvir a batida das ondas do mar. E os peixes que se movem em minhas entranhas. Tenho os pés descalços e minha respiração é uma brisa leve... Meus passos, lentos, são asas abertas em um céu imenso. Engoli o infinito...

A uma professora

Professores existem vários. De vários tons: hostis, cordiais, autoritários, amenos. Basta um entre tantos, só um, para fazer desvios nos rumos de nossa vida.

Ponte quebrada

Algo me falta. É o velho hiato que me chega. De mansinho, como sempre, a me pautar a necessidade de refazer caminhos.

Trajetória das letras

Tenho saudades de quando os livros eram, para mim, brincadeira de criança. Minha mãe trabalhava em Santo Amaro. Contratara, como minha babá, a Biblioteca Pública do 13 de Maio.

Resposta a Tari

Quando conheci Ritinha pela primeira vez, achei que ela tinha tantos sorrisos e tantos abraços... Quando conheci Ritinha pela segunda vez, achei que ela tinha uma tristeza nos olhos e um pedaço de silêncio espremido na garganta... Quando conheci Ritinha pela terceira vez, vi o reflexo de meus extremos e contradições.

O silêncio de Lua

Sete vezes, Maria Lua caiu. Sete vezes tornou a levantar. Na primeira queda, a menina perdeu o riso. Na sétima, perdeu a voz.

O canto da vida

Dorival Caymmi tem cheiro de chuva, de terra molhada. Seu canto é o barulho do vento, das ondas, do mar. Sua voz embala a rede na varanda, Tem o cheiro dos peixes, dos homens que vão pescar.

A mistura das cores

Ah! O deleite com as tintas... As crianças metem os dedos nos potes. Melam de amarelo, verde, azul, vermelho. Transferem para o papel aquelas cores. E voltam a meter os dedos nos potes.

Retorno ao princípio

Quando eu era pequena, bem pequena, menina ainda, perguntaram-me o que eu queria ser quando crescesse. Eu disse: - Mãe.

A esperança é tricolor

O torcedor do Santa Cruz é um retrato do Brasil. De um povo sacrificado, que nunca perde a esperança. E que se renova de alegria, com pouco, com tão pouco. Que não se esgota de forças, nunca. Nem com as derrotas. Nem com os desmandos dos que mandam. E que se junta - talvez não, como deveria, para brigar pela justiça - mas para compartilhar tristezas e alegrias.

Minha mais bela literatura

Depois de uma semana de exaustão, de repente me vem um silêncio. O tempo que eu teria para escrever se abre diante de mim como um abismo enorme. E cada palavra, cada pensamento, me traz apenas o vazio. A sensação de que não há nada que eu possa escrever.

Para Carlos Marculino

Recebi, ainda agora, o chamado de Pablo para juntarmos os amigos de minha primeira peça de teatro. Eu, então, era estreante, aprendendo a tatear a arte dos palcos. E tive sorte. Tive sorte de conhecer um mestre, destes que a gente não vê entre os grandes medalhões da cena pernambucana.

Hiato

De repente, sem aviso, chega o cansaço. Não o cansaço físico, tão bem vindo às vezes Mas um esgotamento de tudo, o por-um-fio, a ausência.

O que você quer ser quando crescer?

Entre as crianças do Coque, o ideal de trabalho tem poucas facetas. Meninas querem ser professoras. Meninos querem ser jogadores de futebol.

Alice

A mansão dos sonhos de Alice é uma casa com cerâmica. Só isso. A mansão do mundo real está fora do limite de seus sonhos, e de seus olhos.

Ai, a esperança

Que mundo é esse??? Que mundo é esse em que se atiram crianças pela janela? Em que um país não pode se desenvolver, sem o risco de ter ameaçada sua balança comercial?

Até mais, Mariângela

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Mariângela veio. Mariângela se foi. Tão pouco um mês para dividi-la com a vida, para dividi-la com as ruas do Recife, os cheiros as comidas as ondas do mar...

Solidão acompanhada

Vem de novo a eterna sensação de estar no tempo errado, no mundo errado. Essa estranheza que, de repente, colore as coisas e as gentes... e uma solidão esquisita, solidão acompanhada: estar cercada de amigos e, ao mesmo tempo, só.

Quem são os terroristas?

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Este é Raul Reyes, um dos principais porta-vozes das Farc - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Os grandes jornais e TVs chamam-no de terrorista. O presidente dos Estados Unidos, George Bush, chama-o de terrorista. O governo colombiano de Álvaro Uribe acusa-o de terrorismo. Ele foi assassinado no último sábado por militares colombianos. Foi morto quando negociava a libertação de reféns.
Fazem, exatamente, dois meses e um dia que não escrevo nada. (Com exceção das matérias para efeito de trabalho) Por que, então, já não sinto as palavras pulsarem como dantes? O que morreu dentro de mim? Creio que palavra é um bicho que independe de nós. Elas têm vida. E se bolem sozinhas dentro da gente. Quando encontram espaço, fogem e se revelam. Mas, afinal, fui eu quem fechou as portas? Como? Pergunto meio que sabendo as respostas. A vida nos destina prioridades. E meu tempo de agora não é o de criar palavras, mas de criar meus filhos, sementes de mim. Há tantas formas de nos fazermos eternos, e quero que meus filhos, que semearão minha história, sejam minha melhor criação. Quero, também, poder ajudar os filhos, cujos pais não conseguem ajudar sequer a si mesmos... esta é minha segunda prioridade. O resto é trabalho. Ou lazer.