Os perigos do discurso do bom gestor

Andei me eximindo de falar sobre eleições.
Frustrações sucessivas me derrubaram e preferi guardar as palavras.
Hoje, decidi romper o silêncio, precupada que estou com este discurso do bom gestor.


Este papo de "foi fulano quem fez", essa conversa de "competência administrativa"... tudo isso foi, sempre, o discurso da direita.
Cabe para Mendonça Filho. Ou para Daniel Coelho que ainda tem a ousadia de proferir a velha lábia como se fosse dita pela primeira vez...
Mas o drama, que me fez romper o silêncio, foi a constatação de algo que eu apenas supunha: este discurso invadiu sindicatos, movimentos sociais, partidos de esquerda... que vão, pouco a pouco, se esvaziando de seu conteúdo político.
Quem toca uma prefeitura, ou governo, não é apenas administrador. É alguém que foi escolhido pelos demais por suas opções políticas.
Estar ao lado das grandes construtoras, em detrimento dos habitantes das favelas, é uma opção política.
Delegar à iniciativa privada a responsabilidade pela administração dos hospitais públicos é uma opção política.
Prover o desenvolvimento industrial e econômico e relegar a segundo plano o desenvolvimento social é opção política.
Gerir a educação com metas e imposições, em vez de apostar no diálogo, é opção política.
Presentear as construtoras e uma elite privilegiada com as áreas mais belas da cidade é uma opção política.
E todas estas opções já foram feitas pelos vários lados em disputa nesta eleição.
Não vou votar nulo. Quero que o PT tenha a chance de resgatar o vermelho de sua bandeira e honrar seu nome: Partido dos TRABALHADORES.
Mas lanço este clamor aos militantes, aos movimentos sociais, aos partidos que já foram de esquerda:
- Estamos fazendo tudo errado!
É preciso voltar para a base, para as comunidades, para o meio da sociedade.
É preciso reocupar estes espaços dos quais nos ausentamos e que, abandonados, passaram a ser ocupados, e muito bem, pelo discurso extremista das igrejas evangélicas.
Ou fazemos isto ou corremos o risco de ver a história se repetir.

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