As eleições da desesperança

Desde que me iniciei como eleitora, e antes até, vivi cada eleição como um tempo de alegria. E esperança. Mesmo quando meus candidatos não tinham chance nenhuma... nem assim deixávamos de acreditar. E as ruas se pintavam de vermelho: em bandeiras, camisas e estrelas. E ganhavam outras cores também, de pessoas que acreditavam diferente e cantavam, buzinavam e se provocavam em uma disputa ávida, mas saudável e feliz.


Esta foi a eleição mais triste que já presenciei. O colorido cedeu lugar ao cinzento que tomou conta das ruas desertas. Até o céu perdeu o azul e nublou o dia inteiro, sombreando a utopia. Fez-luto pela morte da esperança. Uma morte que se expressa, também, em números: 16,38% de abstenção; 4,57% de votos brancos; 4,81% de votos nulos. Enfim, a desesperança foi a segunda mais votada na cidade do Recife.

E, ao menos de minha parte, ela assim continuará, morta e enterrada, enquanto não se mudar a legislação eleitoral. Não acredito mais no poder das urnas, que elegem quem tem dinheiro e aliados poderosos. Não acredito mais que qualquer mudança possa vir das esferas eleitorais.

Quero crer que este novo ciclo, que ora se inicia na cidade, não seja uma viagem de retorno. Vejo PT e PSB tão juntinhos do velho PMDB que parece-me que, ao chegar ao cume da montanha, vamos dar meia volta ao invés de construir a ponte que leva ao lado de lá.

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