Feliz aniversário, Luna!
Dizem que os anos vividos nos dão serenidade. Que a experiência
nos deixa sóbrias, com aquela sabedoria que se fecha no silêncio e em palavras
oportunas, ditas no momento certo.
Não aconteceu comigo.
Não fiquei serena.
Por trás de meu sorriso, há sempre um grito. Tenho a
impaciência das crianças e perdi minha capacidade de tolerar certas coisas.
Não fiquei mais mansa, fiquei mais chata.
Não adquiri a sabedoria do silêncio, mas de palavras que
escapam sem pedir licença.
Ah, meus amigos... vocês que me conhecem alegre e
sorridente, não imaginam quanta ânsia guarda este sorriso
Tenho abismos e tempestades, vazios e turbilhões... o tempo
não me deu o equilíbrio.
Não esperem, dos mais velhos, palavras sensatas. Às vezes,
tudo o que quero é mandar o mundo se fuder!
Dizem que os anos vividos nos dão segurança.
Mentira!
Se algumas respostas porventura nos são dadas, há sempre
novas dúvidas e incertezas.
Há sempre a impressão de que estamos trilhando o caminho
errado: que não somos bons o suficiente – bons pais, bons cidadãos, boas
pessoas.
Por mais que a gente se esforce por fazer o que é “certo”,
vivemos sempre embalados pela dúvida se aquele certo é de fato o que é certo...
E às vezes dá vontade de mandar à merda todas as dúvidas e
padrões morais e deixar a natureza agir...
Dizem que os anos vividos nos dão saciedade.
Não dão!
Tenho a mesma sensação de que algo falta, sempre. Serei
sempre a que sente fome de barriga cheia. Uma fome de algo que não saberei
nunca o que é...
Não... o tempo não acalma, não amansa, não serena. Talvez
apenas nos ajude a enxergar o ser confuso que somos e seremos, sempre.
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