Entrevista com Maria Maria
- Como é seu nome?
- Maria.
- Maria de que?
- Maria. Maria.
- Não tem sobrenome?
- Sei lá. Devo ter. Esqueci...
- A senhora tem algum documento?
...
Ela procura alguma coisa no meio de uma mala antiga de couro, que ornamenta o lugar que escolheu para morar: a porta de um casarão abandonado. Ali, ergueu-se uma casa diferente. O piso é de papelão e jornal. Um velho guarda-sol protege da chuva, sol e vento. Revistas amontoadas, um boneca de pano e a maleta completam a decoração. Ela desdobra uma certidão de nascimento, desgastada pelo tempo.
- Não tem família?
- Não.
- E casa?
- É essa aqui.
- A senhora é feliz?
- Hã?
- A senhora é feliz?
- Como assim?
- Feliz. Sente alegria?
- Sinto sim, as vezes. Uma comida boa que me dão, um café quentinho. As vezes um vento bom, meio morno... e as estrelas... as estrelas me dão muita alegria.
- Só isso?
- Não. Outras coisas. O silêncio quando todos dormem, até os carros e os cães. Andar por aí, olhar as coisas.
- E tristeza, sente?
- Sinto fome as vezes. Também queria ter um homem pra mim. E um bebê.
- Acredita em Deus?
- Gosto de ir na igreja quando está vazia... ele mora lá não é? Gosto.
- Por que as revistas? Você sabe ler?
- Leio as gravuras. Gosto de olhar...
PS: Esta é uma entrevista de ficção. Qualquer semelhança com a realidade não passa de mera coincidência.
- Maria.
- Maria de que?
- Maria. Maria.
- Não tem sobrenome?
- Sei lá. Devo ter. Esqueci...
- A senhora tem algum documento?
...
Ela procura alguma coisa no meio de uma mala antiga de couro, que ornamenta o lugar que escolheu para morar: a porta de um casarão abandonado. Ali, ergueu-se uma casa diferente. O piso é de papelão e jornal. Um velho guarda-sol protege da chuva, sol e vento. Revistas amontoadas, um boneca de pano e a maleta completam a decoração. Ela desdobra uma certidão de nascimento, desgastada pelo tempo.
- Não tem família?
- Não.
- E casa?
- É essa aqui.
- A senhora é feliz?
- Hã?
- A senhora é feliz?
- Como assim?
- Feliz. Sente alegria?
- Sinto sim, as vezes. Uma comida boa que me dão, um café quentinho. As vezes um vento bom, meio morno... e as estrelas... as estrelas me dão muita alegria.
- Só isso?
- Não. Outras coisas. O silêncio quando todos dormem, até os carros e os cães. Andar por aí, olhar as coisas.
- E tristeza, sente?
- Sinto fome as vezes. Também queria ter um homem pra mim. E um bebê.
- Acredita em Deus?
- Gosto de ir na igreja quando está vazia... ele mora lá não é? Gosto.
- Por que as revistas? Você sabe ler?
- Leio as gravuras. Gosto de olhar...
PS: Esta é uma entrevista de ficção. Qualquer semelhança com a realidade não passa de mera coincidência.
Comentários
Beijos.
Magna
Parabéns!
Beijos.
Magna