Em minhas dezenas de aniversários, não me lembro de ter ganho tantos... tantos presentes quanto ganhei este ano. Hoje, terça-feira, 25 de outubro, ganhei mais um.
Quando os sorrisos na sala se escancararem em dentes quando o esforço da quietude deixar-te as mandíbulas dormentes quando bons-dias e boas-tardes forem palavras somente e te sentires espremido entre retalhos de gente...
Não! Não é deste Brasil que vos falo: das menininhas com seus piolhos, bocas e pernas feridas... Nem dos jovens de olhos perdidos privados de si e da vida
Quando plantaram a semente lá nas terras do Ceará não podiam imaginar a flor que germinaria é flor que deita semente lá no coração da gente semente cor de poesia
Ele veio sem ser convidado invadiu meu mundo destelhou minha casa plantou ninhos em meu ventre beijou-me os seios e as asas lançou-me ao abismo para ensinar-me a voar
Nenhuma criança da cidade conhecia a origem do coelho. Estivera ali, desde sempre. Como uma árvore centenária: parado, quieto, olhos plantados no chão. Vivia solto entre as plantações, mas não ousava roer uma única cenoura, um único pé de alface.
Um elevador. Dentro, uma senhora, elegantemente vestida, com blaiser, calça de linho e sapato de salto alto. E uma empregada doméstica, com trajes mais simples e sandálias de dedo.
Foi assim, numa noite de São João, que a sombra da morte lhe lançou o aviso. Era moço ainda, em seus vinte e poucos anos. Muito o que viver. Mas as vezes o destino é lavrador imprudente: ceifa sementes ainda mal germinadas...