Corta!!!
se escancararem em dentes
quando o esforço da quietude
deixar-te as mandíbulas dormentes
quando bons-dias e boas-tardes
forem palavras somente
e te sentires espremido
entre retalhos de gente...
Não!
Não é necessário que aguentes!
Quando te encherem a língua
de nós e de tranças
Quando abrirem túmulos
pra tuas esperanças
Quando as palavras silenciadas
cravarem em teu estômago suas lanças
e sentires que teus passos
não acompanham a dança...
Não!
Não é necessário ser mansa!!!
Eis que setembro chega,
com sua primavera...
Já estás com o machado nas mãos:
pra que mais espera?
Comentários
Tu já nos deixas vidrad@s a partir da imagem de Dali - estou num mergulho surreal, cada dia mais apaixonada por esse movimento -, porque para mim nada mais representativo desse nosso tempo (de pós-modernidade) do que esse desprezo pela lógica, sem lógica dos nossos dias... Sem contar nas figuras que utilizas para o estímulo à libertação de tudo o que (nos) amarra(m): cortemos!
Beijos!!
;)
O título explode o que o poema propõe num crescendo. Que coisa linda!
Que força tem este poema!
Beijão bem grandão!
Magna
Você tem o dom, está fantástico. E impossível não lembras dos versos de Fado Tropical, de Chico Buarque:
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa,
Pois que senão o coração perdoa.
Dimas