Morada das cores

Meu menino vê o mundo azul.
Foi azul a primeira cor que aprendeu a distinguir.
E é de azul que se pintam seus sonhos:
- Mãe, eu quero um cavalo azul que voa. Você compra?
Não pude comprar-lhe os desejos, tais e quais.
Mas pude dar uma burrinha, dessas de carnaval, feita de chita azul.
Meu menininho lhe deu as asas e sorriu.


Minha mocinha criou um mundo cor-de-rosa,
rosa seus sapatos, suas roupas, suas meias...
rosa cor do beijo de princesas,
e dos sonhos de todas as meninas de sete anos de idade.
Deste mundo de primaveras, ela tenta afastar os espinhos:
- Mãe, por favor, não morra nunca.
Eu quero morrer antes de você.
Ou que a gente morra juntas para passearmos juntas no céu.

O mundo de meu amado é vermelho.
De um encarnado intenso e impaciente,
desses que nos queima a alma
e não espera saciar a sede.
Meu amado tem sangue de exus nas veias
e nas mãos, o vermelho das rosas.
Seu humor anda sempre a galope,
e seu abraço é uma clareira no inverno.

Com tantas cores, faço meu oratório:
Sou filha de Oxumaré,
guardiã do arco-íris, que liga a terra ao céu.
Faço de meu coração, oratório: morada das cores.
E faço do arco-íris, a morada de meus amores!!!

Comentários

Cleyton Cabral disse…
fiquei rosa-chock com tant poesia. Ontem tava lendo alguns textos seus para uma amiga, inclusive a de Xande, que adoro e gostaria de ver publicada no jornal. Mnda vai! Bjs gatona.
Lindo texto!

ps: Espero que aches benvindo o link que pus lá no blog para estas Palavras-pontes.
Anônimo disse…
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