De homens e de bichos


Eu nada sei dos ratos
dos esgotos
dos buracos
dos farrapos
imundos
que envolvem
o mundo.


Eu nada sei dos caranguejos
da lama
do lodo
dos canais
putrefatos
onde mergulham
os ratos

Eu nada sei dos pássaros
nas gaiolas
nas prisões
onde não há sonhos
nem desejos
e se abandonam
os caranguejos

Eu nada sei dos jumentos
sua carroça
seu fardo
peso que mata
devagarinho
e arranca as asas
do passarinho

Eu nada sei das baratas
da chinelada
do inseticida
do sangue que esborra
do tormento
olhos que se arrancam
do jumento

Eu nada sei do homem.
Eu nada sei.

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