Vaso de cristal
Um dia,
quebrei o vaso de cristal de minha mãe.
Erro fatal.
Travessura sem perdão.
Eu era adolescente ainda.
Embora soubesse que cometera um deslize,
não sabia a dimensão de meu tropeço.
Fugi de seus gritos.
Fugi de mim mesma.
Fugi.
Não podia vê-la desabar seu desespero sobre mim.
É que era minha mãe, ela própria, aquele vaso de cristal.
Ninguém diria que por trás daquela mulher independente,
segura,
dona de si mesma,
havia uma menina com sonhos de princesa em seu castelo.
Eu, então, também não sabia.
Então punha os pés sujos sobre o sofá.
Deixava marcas na porta de vidro.
E desfazia em bagunças a casa habitada por sonhos de cristal.
Havia uma saleta de sombras,
janelas e cortinas cerradas.
(Para não queimar os quadros - ela dizia)
Aquele espaço, desabitado, reservava-se a visitas.
Que nunca vinham.
E o carrinho de finos licores envelhecia,
esperando ilustres convidados,
para festas de ilusão.
Um dia,
não sei exatamente quando,
minha mãe decidiu acordar.
Ela não juntou os cacos do vaso quebrado.
Tampouco o substituiu.
(Vasos de cristal não se colam, nem substituem)
Minha mãe acendeu as luzes da saleta.
Abriu as janelas.
Olhou a vida lá fora.
Depois deixou o castelo,
e viu que o mundo de verdade também pode ser bom.
quebrei o vaso de cristal de minha mãe.
Erro fatal.
Travessura sem perdão.
Eu era adolescente ainda.
Embora soubesse que cometera um deslize,
não sabia a dimensão de meu tropeço.
Fugi de seus gritos.
Fugi de mim mesma.
Fugi.
Não podia vê-la desabar seu desespero sobre mim.
É que era minha mãe, ela própria, aquele vaso de cristal.
Ninguém diria que por trás daquela mulher independente,
segura,
dona de si mesma,
havia uma menina com sonhos de princesa em seu castelo.
Eu, então, também não sabia.
Então punha os pés sujos sobre o sofá.
Deixava marcas na porta de vidro.
E desfazia em bagunças a casa habitada por sonhos de cristal.
Havia uma saleta de sombras,
janelas e cortinas cerradas.
(Para não queimar os quadros - ela dizia)
Aquele espaço, desabitado, reservava-se a visitas.
Que nunca vinham.
E o carrinho de finos licores envelhecia,
esperando ilustres convidados,
para festas de ilusão.
Um dia,
não sei exatamente quando,
minha mãe decidiu acordar.
Ela não juntou os cacos do vaso quebrado.
Tampouco o substituiu.
(Vasos de cristal não se colam, nem substituem)
Minha mãe acendeu as luzes da saleta.
Abriu as janelas.
Olhou a vida lá fora.
Depois deixou o castelo,
e viu que o mundo de verdade também pode ser bom.
Comentários
ps: Passei um tempão comentando aqui sem saber que te conhecia, que tu eras Fabiana, amiga de Sérgio Miguel, Serginho, Max, etc. Acho que tu sabes quem eu sou... Enquanto eu, depois de algum tempo, comecei a desconfiar... só tive a certeza após as fotos tuas que colocaste no blog.
Esta, mais uma vez, cheia de um "chamamento" à vida ou às coisas valiosas da vida, aliás, como gostas de fazer.
A anterior me lembrou Xande...mais um menino com dedos de fuzil se defendendo do mundo.
Abraço.
Magna
Abraço.
Magna