Sobre crianças e palavras.
Palavra dói. Eu vi estampado na cara do menino, o soco firmado na voz da mãe: - Sai daí, peste!
O menino pôs o riso em desconcerto pra esconder o travo na garganta. E engoliu a peste com todas as suas feridas, moscas e putrefações.
Aqui, nesta beirada de fim de mundo, as crianças já nascem maltratadas pelas palavras. O menino é mais um que é cevado no grito. Mais um.
Silêncio nestas bandas é medo. De bala, de sirene, de barulho mortal.
O ruído outro, das palavras que maltratam, fica mais perto do coração, mesmo quando dói. E a dor é certeza de que se está vivo, mesmo quando se caminha entre sombras.
Por isso aqui, neste pedaço do esquecimento, poemas são joias raras, tenebroso desmantelo. Poemas são pedaços de silêncio, de vento que sopra, água do rio... Poemas são pássaros que ciscam no asfalto, o metrô que toca no céu...
E é ali, no livro colorido, que o menino vomita sua peste em formato de histórias. Na ausência das letras que não lhes foram reveladas, cria um mundo pelo avesso, com bichos contentes e pedaços de azul. Depois conserta o riso e pinta a rua com seu cheiro de infância.
Comentários
E mais crianças a teimarem com a lágrima, a engoli-la a seco, sem água, sem suco, sem cor, só dor.
O que consola é a esperança, porque ninguém está perdido, enquanto houver palavras benfazejas a lhe visitarem, olhos a lhe protegerem. Não ninguém está perdido nem sozinho.
Esta eu vou tomar a liberdade de passar adiante por email, viu, camarada?
Beijão e que Deus te fortaleça!
Magna
PS:respondi teu comentário em Sementeiras
Se amor incondicional não for o que acabo de ler e saber que é eu não sei mais de nada mais.
Domingos, fico toda sem graça com os elogios, nem sei o que dizer. Então digo apenas que vamos fazer um recital na Biblioteca em novembro, mais precisamente no dia 26. E quero vocês todos lá: vc, Carlos Maia, Magna... todos! E eu amo mesmo aquela meninada de lá!!! Tenho certeza que vcs também vão adorar.
Se ainda não assistiu, assista ao filme brasileiro "O contador de Histórias". Um exemplo vivo do que estou dizendo.
Depois conversamos.
Beijão bem grandão!
Fique com Deus!
Magna
Levar essa infância cheia de cores, sabores, cheiros e possibilidades às crianças, na Biblioteca do Coque, é o que faz essa menina linda, essa menina danada, que agora também tem o nome de Esperança!
Beijos!
;)
Quando uma surra é o mais próximo do carinho,
Quando entre nossa gente a gente se sente sozinho,
Percebe-se que o amor foi enterrado na lama.
Dimas Lins