Trajetória das letras

Tenho saudades de quando os livros eram, para mim, brincadeira de criança.

Minha mãe trabalhava em Santo Amaro.
Contratara, como minha babá, a Biblioteca Pública do 13 de Maio.


Todos me conheciam. Eu era parte da casa.
Sabiam meus gostos e me brindavam com livros.
Mitos e lendas eram meus favoritos.
E tinha uma série, com uma personagem chamada Sofia, muito desastrada. (Buscava nela talvez um consolo para meus atrapalhos e distrações)
A literatura era, em minha infância, deliciosa festa.
Ganhava livros de Natal.
E presenteava meu pai, em viagem, com histórias de princesas.

Então, veio a adolescência.
E os livros foram rebaixados à condição de estudos e obrigações.
Os paradidáticos, com fichas de leitura obrigatória, exilaram a literatura em mim.

Que não me escutem os intelectuais,
mas reencontrei as letras com os folhetins.
Sabrina, Bianca e afins: buscava neles a Cinderela e a Branca de Neve.
Estética à parte, foram eles a ponte para algo mais.

Então vivi fases:
o momento Gabriel García Marquez, com suas borboletas amarelas
o fascínio por Federico García Lorca, que invadia até os meus sonhos
o peso de Dostoievski, que me roubava as noites.

Ouso confessar:
minha leitura não é extensa, nem minha cultura abundante.
Quando estou em uma roda de gente culta,
recolho-me em meu silêncio.
Não ouso confessar que me falta ler tanta coisa...

Nem todos os que são cultos são mestres.
Há alguns que muito sabem, de leitura e teoria.
Mas seu conhecimento ficará sempre consigo, porque carece do gozo necessário das letras.
Outros tem a literatura como amante
e nos convida a participar deste delicioso bacanal.
Nesta grande festa de Baco, a Internet é mensageira.
E os blogs, porta de entrada.
Obrigada Samaroni, Fabrício, Urariano.

Para outros, as dicas:
Samaroni: www.estuario.com.br
Fabrício: www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br
Urariano: urarianoms.blog.uol.com.br

Me indiquem outros.

Comentários

Anônimo disse…
Grato pela referência, Fabiana. Não tem por que se envergonhar de sua ida à literatura por ligaç~eos menos "nobres". Eu mesmo descobri a leitura por causa das HQs, que na infância chamávamos de gibi. Viva o gibi! Sem eles eu não teria conhecido Baudelaire e Cervantesba.O seu troféu é ter sobrevivido à escola. O nosso troféu.
Luna Freire disse…
Obrigada, Daniela. Apareça sempre. Quanto à escola, Urariano, nem tudo são espinhos... lembro, por exemplo, de uma professora a quem eu devo boa parte da consciência política que tenho hoje. Abraços.
Samarone Lima disse…
Ops, acho que a festa está apenas começando.
Muitos beijos,
Samarone
Luna Freire disse…
Mas espero que ela se estenda por muito tempo Samaroni. Valeu pela presença. Saudações tricolores!!!
Silvia Góes disse…
adorei ter encontrado esse cantinho aqui.

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