O palavrão é codinome da beleza

(Estas palavras vão para Biaggio e Cleyton, pelos deliciosos comentários do último post)

O palavrão é o avesso da hipocrisia.
Sombra-reflexo da humanidade:
no cru, no grotesco, na sua face mais verdadeira.


É o corpo carne,
terra,
bicho,
excremento.
Merda!
É o corpo coito,
sexo sem cortinas,
genitais expostos:
Caralho!!! Buceta!!!
Corpo que ejacula, sêmen que se espalha.
Porra!

O palavrão dessacraliza nossa voz, nossa palavra.
É a válvula da panela que apita no fogão.
Risco no papel branco.
Soco no estômago,
cartas rasgadas,
corpo que se oferece no banquete de Jocasta:
puta que o pariu!!!

O palavrão nos afasta do santo
nos aproxima do bicho:
do bicho-homem.

Comentários

Kyara disse…
Poxa mulher... rasgante palavras tuas! só digo isso)
Conseguisse aqui uma das coisas difíceis em poesia, o que Ezra Pound chamava da harmonia entre logopeia e fanopeia ou, para simplificar, a "ideia" com a "imagem poética". Valeu!

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