O mar
O mar é parte de sua vida, desde sempre.
Quando criança, fingia-se sereia.
Prendia a respiração,
mergulhava o mais fundo que podia,
e deixava o som das águas criar uma cantiga em seu coração.
Sua mãe tinha medo.
Sonhara,
um dia,
que a menina era tragada pelas ondas,
levada para o azul sem fim.
O mar foi entrando em sua vida, desde sempre.
Na solidão de adolescente,
buscava nas ondas namorados que não tinha,
caminhava sozinha,
enterrando os pés na areia,
a contar segredos ao mar.
E enquanto a mãe reclamava
os sumiços da moça na beira da praia,
enquanto a mãe chorava ausências
a relembrar sonhos antigos,
a velha cantiga crescia na alma da jovem.
O mar tomou-lhe a vida,
como afogamento ou naufrágio.
Mas foi um sonho bonito de se ver...
Ele invadiu aos poucos os sonhos da moça.
E ela fez-se mulher-azul,
mulher-sereia,
imensa de mar.
Vez por outra, transbordava pelos olhos,
em lágrimas desavisadas,
que vinham sem porquês.
Mas, então,
a cidade cresceu à sua volta
e puseram pedras na praia
para que seu mar não derrubasse prédios ao redor.
Hoje,
a tempestade já não avança além das cercas,
mas escorre pelos subterrâneos
enchendo a mulher de um azul sem fim.
Comentários
Que lindo, Fabiana!
Bom ter você de volta, ainda mais tão plena de azul.
Beijos.
Magna
ps: Sou Geó sim, Fabiana. Como te falei já, demorei um bocado para perceber que tu eras a Fabiana que conhecia... Só quando colocaste as fotos no blogue...
Sou o amigo de Max, de Serginho, de Sérgio Miguel etc etc.
manda pra mim o teu e-mail que tenho um presente para te dar. um mimo para a construção das asas.
beijos
Parabéns!!!
A mulher que anda na praia, que vive mais no mar do que na terra, que mergulha em sonhos, que afoga dores, que bebe o sal da vida.
Também pudera, o mar quando quebra na praia é bonito...
Dimas Lins